Ponto de situação no final do primeiro semestre do ano:
1) Desemprego e actividade económica um pouco melhor que as previsões, com direito a destaque no Financial Times, com o PIB a descer menos que o previsto, muito por culpa de uma performance excepcional das exportações;
2) Défice controlado com desvios identificados (não pelo Ministro das Finanças, mas pela Troika, vá-se lá saber porquê...): BPN, saúde, progressões militares, Madeira. A atender pelo discurso da Troika e do Ministro das Finanças, o cumprimento das metas para 2011 depende "apenas" da implementação do que ficou acordado no memorando (para lá dos impostos extra já anunciados);
1) Desemprego e actividade económica um pouco melhor que as previsões, com direito a destaque no Financial Times, com o PIB a descer menos que o previsto, muito por culpa de uma performance excepcional das exportações;
2) Défice controlado com desvios identificados (não pelo Ministro das Finanças, mas pela Troika, vá-se lá saber porquê...): BPN, saúde, progressões militares, Madeira. A atender pelo discurso da Troika e do Ministro das Finanças, o cumprimento das metas para 2011 depende "apenas" da implementação do que ficou acordado no memorando (para lá dos impostos extra já anunciados);
3) Redução substancial do consumo das famílias, o que, ao contrário do que é referido na notícia, não me parece de todo mau. Na verdade, dado que muitas das medidas que afectam a carteira do contribuinte (aumento de impostos, passes sociais, sobretaxa IRS, etc.) só se vão sentir no segundo semestre, parece-me que esta redução se justifica mais pelas expectativas negativas, que levam as pessoas a adiar e reduzir despesas, privilegiando poupança / desalavancagem, do que por uma redução do rendimento;
4) Receio generalizado dos agentes com os próximos meses, com as bolsas a afundarem e com o indicador de clima económico a dar sinal que ainda vamos passar por maiores dificuldades.
Por cá, temos dois meses de novo executivo e uma mão cheia de medidas, sobretudo do lado da receita, que pretendem compor o ramalhete do défice no final do ano. Não se conhecem ainda medidas estruturais de redução de despesa, cujo anúncio foi adiado para Outubro.
Pior que isto tudo é não se vislumbrarem medidas para incentivar o crescimento económico. Passámos do oitenta para o zero, ninguém sabe para onde o país vai e, para lá das privatizações (algumas muito discutíveis) e da redução da TSU que ninguém explicou como vai melhorar a competitividade da economia (já sabemos que estratégias de desenvolvimento baseadas em custos de produção reduzidos não servem para Portugal), não há nada que se assemelhe a uma estratégia coerente de desenvolvimento.
Se até há poucos meses se ouvia falar em energias renováveis, eficiência energética, novas tecnologias, carro eléctrico, o Magalhães, novo aeroporto, TGV, PINs e PINs+ (com muita propaganda pelo meio), hoje ouvimos alguns discursos sobre como temos óptimas condições para o turismo de qualidade e pouco mais.
Vamos pagar caro a obsessão pelo défice e, pior ainda, o esquecimento de que, sem crescimento económico, não há contas públicas que resistam.
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